As recentes manifestações em diversas localidades da província de Luanda têm gerado profunda preocupação e debate em Angola. Com um balanço lamentável de quatro mortos e cerca de 500 detenções, os protestos, marcados por atos de vandalismo, levaram o Bureau Político do Comité Central do MPLA a vir a público para expressar a sua veemente condenação. Segundo o partido, estas ações causaram avultados prejuízos materiais ao Estado, às famílias e às empresas, além de comprometerem a ordem, a segurança, a tranquilidade pública e o bem-estar da população.
Esta postura do MPLA sublinha o compromisso do partido com a paz, a estabilidade e o desenvolvimento de Angola, lamentando e condenando energicamente qualquer ato que possa colocar em risco a ordem e segurança públicas. A situação levanta questões importantes sobre a liberdade de expressão, a segurança e a forma como o país se prepara para um marco histórico: a celebração dos 50 anos da Proclamação da Independência Nacional.
O Cenário Tenso em Luanda e a Greve dos Taxistas
A capital angolana amanheceu esta terça-feira num cenário atípico, com ruas vazias, comércio encerrado e uma ausência quase total de táxis e mototáxis, revelando a tensão pós-tumultos. A agência Lusa descreveu Luanda num estado de aparente letargia, semelhante aos dias de pandemia, com o silêncio a dominar as principais avenidas. No entanto, a visibilidade reforçada da polícia, relatos de tiroteios, pilhagens e bloqueios de estradas indicam que a tensão persiste. Imagens nas redes sociais mostram problemas em vários locais da cidade, como na Mutamba e no bairro Sapu.
Estabelecimentos comerciais, bancos e diversas instituições mantiveram as portas fechadas, e muitas empresas optaram pelo regime de teletrabalho, temendo pela segurança dos funcionários após os episódios de pilhagem, barricadas e vandalismo do dia anterior.
A origem dos protestos remonta à greve convocada pela Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA) há mais de 20 dias, sob o lema “fica em casa”, para protestar contra a retirada dos subsídios aos combustíveis. Embora a ANATA tenha recuado após negociações com o Governo Provincial de Luanda e anunciado o cancelamento da greve, a ANATA Luanda manteve a paralisação para os três dias previamente marcados (28 a 30 de julho). Consequentemente, os populares “candongueiros” (táxis azuis e brancos) e os serviços de transporte por aplicativo continuaram parados, dificultando a mobilidade da população.
Na segunda-feira, registaram-se confrontos violentos em vários pontos de Luanda, com barricadas de pneus em chamas, lojas saqueadas e agressões a automobilistas. O ambiente manteve-se agreste durante a noite, especialmente em bairros periféricos como a Estalagem, em Viana, onde foram reportados disparos e ataques a viaturas por grupos de jovens. O reforço policial nas ruas, com a presença de viaturas militares em pontos estratégicos, continua visível. Os protestos ocorrem num contexto de forte contestação social em todo o país devido à recente subida dos preços dos combustíveis após o corte gradual dos subsídios estatais.
Vandalismo e os Valores Nacionais: A Perspetiva do MPLA
O Bureau Político do MPLA é categórico ao afirmar que a violência e o vandalismo não representam os valores e princípios do partido, que se considera responsável e comprometido com a causa do Povo. Da mesma forma, ressalta que tais atos não se alinham com os princípios e valores que o povo angolano sempre defendeu. Esta declaração busca dissociar as manifestações violentas dos ideais que o partido e a nação prezam.
A denúncia do Bureau Político aponta para um propósito deliberado por trás das ações de vandalismo: manchar e dificultar a celebração, com júbilo, dos 50 anos da Proclamação da Independência Nacional. Este é um momento histórico de orgulho e unidade para todos os angolanos, e a ocorrência de atos de desordem neste período é vista como um atentado contra os valores de unidade, reconciliação, paz e progresso.
O partido reitera que a Independência e a soberania do País são conquistas de todos os angolanos, e que atos considerados "antipatrióticos" atentam profundamente contra esses valores fundamentais.
O Apelo à Juventude e à Sociedade
Um dos pontos centrais da comunicação do MPLA é o apelo direto aos jovens angolanos. O Bureau Político exorta a juventude a não se deixar manipular por grupos, movimentos ou indivíduos que incitem à violência e ao vandalismo. A mensagem é clara: é fundamental que cada jovem assuma uma postura de responsabilidade, de paz e de civismo, contribuindo para a construção de uma Angola melhor, cada vez mais forte e unida. Este apelo reflete a preocupação com a participação da juventude em atos de desordem e a necessidade de direcionar a energia juvenil para a construção positiva.
Além disso, o Bureau Político do Comité Central do MPLA apela às autoridades competentes para que intensifiquem as ações de investigação e punição aos responsáveis morais e materiais por estes atos, solicitando que a justiça seja feita de forma célere e eficaz. Este é um chamado à ação para o sistema judicial, visando a responsabilização e a restauração da ordem.
Por fim, o Bureau Político exorta o Povo Angolano a manter a calma, a serenidade, a unidade e a responsabilidade cívica. Esta é uma mensagem de tranquilidade e união, buscando evitar a escalada da tensão e promover um ambiente de estabilidade.
Compromisso com o Futuro de Angola
O Bureau Político do Comité Central reafirma o compromisso do MPLA de continuar a trabalhar incansavelmente para a construção de um País cada vez mais justo, próspero, solidário, inclusivo e pacífico, onde os direitos de todos sejam respeitados. Esta declaração final reforça a visão do partido para o futuro de Angola, mesmo diante dos desafios impostos pelas manifestações.
A situação em Luanda, e a resposta do MPLA, evidenciam a complexidade do cenário político e social angolano, especialmente em um momento tão significativo como o cinquentenário da independência. A forma como o governo e a sociedade civil gerirão essas tensões será crucial para o futuro do país.
Qual a sua opinião sobre a forma como as manifestações têm sido geridas em Angola e o papel da sociedade civil neste processo? Deixe seu comentário e participe do debate!
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