Segundo o portal CRN, a Intel já teria iniciado conversas
com investidores estratégicos e comunicado a mudança a seus clientes. O plano é
manter-se como investidora âncora — isto é, preservar uma fatia relevante da
operação, mas transferir a gestão e controle majoritário para novos parceiros.
Essa abordagem segue um padrão recente adotado pela empresa: em abril deste
ano, a Intel vendeu 51% de sua unidade de chips programáveis (Altera) para um
fundo de private equity.
A movimentação é
liderada por Lip-Bu Tan, CEO que assumiu o cargo em março de 2025 e que vem
ganhando atenção por sua postura pragmática — e até agressiva — em cortar
custos e rever prioridades. Desde que chegou, Tan promoveu demissões, cancelou
projetos ambiciosos na Alemanha e Polônia e colocou o pé no freio na construção
das novas instalações em Ohio, que já estavam atrasadas. Durante uma
teleconferência com investidores nesta quinta-feira, foi direto: “Não acredito
na ideia de que, se você construir, eles virão”, frase que evidencia seu
ceticismo quanto a investimentos bilionários sem retorno claro.
Enxugamento:
Solução ou Sintoma?
A proposta de
vender ativos para recuperar rentabilidade é uma tática comum em grandes
corporações em crise — e, neste caso, talvez inevitável. Contudo, analistas já
começam a levantar dúvidas: até que ponto esse processo de
"enxugamento" comprometerá a capacidade da Intel de inovar e competir
com rivais como a AMD, Nvidia ou até fabricantes asiáticas como a TSMC?
A preocupação não
é infundada. Na sexta-feira, após a divulgação de mais um trimestre de
prejuízo, as ações da empresa caíram quase 9%, eliminando praticamente todo o
ganho acumulado no ano. Um recado claro do mercado: a reestruturação está longe
de ser vista como garantia de recuperação.
Caminho Incerto
A decisão de
Lip-Bu Tan tem um ar de urgência e realismo. Não se trata mais de expandir por
expandir, mas de corrigir rumos antes que seja tarde. Ainda assim, o risco de
enfraquecer áreas-chave é real. A unidade de redes, por exemplo, tem papel
estratégico num cenário em que conectividade 5G e computação de borda ganham
cada vez mais relevância.
Desfazer-se de
ativos nesse segmento pode representar um alívio no curto prazo, mas também uma
perda de competitividade a médio e longo prazo, a não ser que os novos
parceiros tragam fôlego técnico e estratégico à mesa.
A Intel parece estar apostando tudo em um plano de sobrevivência. O sucesso dessa nova fase dependerá não apenas do corte de custos, mas da capacidade de manter a relevância tecnológica num mercado onde a inovação acontece em ritmo vertiginoso. Com investidores cautelosos e concorrentes em ascensão, o desfecho dessa aposta ainda está longe de ser definido,
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